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Eu não sou feliz no trabalho

  • Foto do escritor: Zalmir Silvino Cubas
    Zalmir Silvino Cubas
  • 23 de dez. de 2021
  • 6 min de leitura

Se o título dessa publicação reflete o que você está sentindo, não fique constrangido (a). Saiba que você faz parte de um grupo numeroso de pessoas infelizes no trabalho. Uma pesquisa por aplicativo, disponível na internet, indicou que 90% dos entrevistados brasileiros vivem esse dilema. Este dado é assustador, para não dizer desolador. Se você está vivendo essa insatisfação no trabalho, deve estar se perguntando se isso vai ter fim. Bate o desânimo e parece que nada de bom vai acontecer em sua vida. Mas dá para mudar esse jogo, dá sim. Só não espere uma fórmula mágica, pois cada um tem que encontrar seu próprio jeito de ser feliz. E isso só pode ser feito por você e por mais ninguém. Está aí a primeira dica: entenda que a felicidade é a sua obra de vida, é você quem deve construí-la. Por isso, não crie expectativas de que pessoas, coisas ou situações vão lhe trazer a felicidade. Não tem jeito. Ser feliz é um projeto pessoal, é intransferível.


Outra coisa importante. Você precisa compreender que o sentir-se infeliz gera estresse e grande desgaste emocional e físico. Não se pode permanecer nessa condição indefinidamente, pois tem o risco de se instalar um quadro patológico de ansiedade, depressão ou esgotamento, a famosa síndrome de burnout. A realização profissional contribui grandemente para a felicidade, mas somente o trabalho, sem outras realizações, pode se tornar um inebriante. A felicidade é o resultado de nossas satisfações, não só na vida profissional, mas também nas relações familiares e sociais. Está tudo interligado na mente. Não espere que depois de mais um dia de trabalho entediante, você consiga chegar em casa e encontre a felicidade. Isso não vai acontecer. Da mesma forma, problemas na vida pessoal irão comprometer a sua produtividade e sua satisfação no trabalho. Pergunte a si mesmo de onde vem essa infelicidade com a profissão. Será que é só decorrente do trabalho ou tem outras origens? É preciso fazer essa autoanálise para encontrar as respostas.




Para sair desse estado mental de infelicidade, você pode tomar dois caminhos: um mais radical, o famoso "chutar o balde" e ver no que dá. O outro é você mudar seu estado mental, para que possa ver as relações e as situações de uma forma diferente, sem ansiedade e negatividade. Essa mudança é essencial e vai promover uma reação em cadeia em sua vida. Irá trazer uma grande transformação interior, que vai mudar sua forma de viver e de se relacionar. Por conseguinte, seu ambiente de trabalho e seus relacionamentos vão também mudar. Só então, um estado de tranquilidade e alegria poderá se instalar em sua vida. Esse é o caminho mais sólido e duradouro, que você tem que seguir, inevitavelmente, ainda que opte, momentaneamente, por chutar o balde. A primeira mudança deve acontecer na mente. É fácil? Claro que não, simplesmente dê um passo por vez.


Conversando com jovens médicos veterinários que se sentem desmotivados, percebi que a insatisfação não é com a atividade profissional, em si, mas com situações que eles não têm poder de resolução. A infelicidade pode ser decorrente de situações que não temos o controle. Quando se toma consciência dessa limitação, abre-se espaço para a manifestação da mente analítica. Nesse nível de consciência, é possível distinguir claramente o que podemos mudar e o que temos que aceitar. Quando não temos o poder de mudar uma situação ou uma pessoa, o melhor mesmo é não deixar nossa valiosa energia dissipar-se. Nesses momentos, temos que dar espaço para um sentimento de aceitação, não uma aceitação passiva e covarde, mas uma aceitação estratégica, paciente, que é quando adquirimos a consciência de que cada coisa tem seu tempo e seu jeito de acontecer.


Falando agora sobre a primeira opção: chutar o balde. Essa opção é normalmente uma escolha emocional. É quando a gente percebe que não aguenta mais uma situação e quer sair dela o mais rápido possível. Ela pode ser apropriada em determinadas situações, quando você sente que não existe a mínima chance de manter-se ou prosperar em um determinado ambiente de trabalho. Neste caso, o "largar os bets" pode ser o caminho mais acertado, principalmente quando a decisão é planejada e quando abre caminho para novos projetos de vida.


Antes de sair, o melhor mesmo é que você tenha um novo projeto de vida engatilhado e que não fique por aí perdido, procurando algo aleatoriamente. Temos que ter muito cuidado para que um momento de indefinição profissional não nos conduza para um turbilhão de sentimentos negativos, que devemos nos afastar a qualquer preço. A dica é, então: se você não está feliz, se sua saúde física e mental está pagando um alto preço, mude, chute o balde e recomece em busca de sua felicidade, mas com planejamento e equilíbrio emocional. -Professor, e se eu estou infeliz, mas ganho bem e tenho estabilidade, o que eu faço? Daí você precisa trabalhar a segunda alternativa. Investir na organização de mente, da vida como um todo, e não só na laboral. Troque os óculos da consciência para ver se consegue enxergar sua vida de uma maneira mais luminosa. Se ainda assim você continuar infeliz, pense então na primeira opção: jogar tudo para o alto. Se é preciso ter coragem para isso? Sim, muita coragem. Por isso, cada um tem que fazer sua própria escolha, não tem uma fórmula.


As queixas do médico veterinário estão normalmente relacionadas a conflitos desgastantes com pessoas: clientes, colegas, chefes e concorrentes. Queixas comuns que ouço por aí são do tipo: "não suporto mais lidar com clientes chatos"; "tem gente que acha que o médico veterinário tem que trabalhar de graça"; "não sinto que me valorizam no trabalho"; "eu continuo fazendo isso porque não posso parar, só pelo dinheiro mesmo"; "não aguento mais ver tantos veterinários incompetentes atuando por aí"; "estou cansado de ser explorado e ganhar uma miséria"; "não aguento mais meu chefe". Se estas lamentações são também frequentes em seu dia a dia, algo precisa ser feito para que você não entre em parafuso.


As causas de angústia são muitas. Se você fizer uma lista de encheções, vai perceber que a maior parte está relacionada a conflitos de relacionamento. Saiba que esta é uma informação muito útil para você resolver seus problemas. Saber que a origem da maior parte das insatisfações profissionais está em relacionamentos conturbados. Não me lembro de ouvir algum colega recém-formado ou senior lamentar-se por ter que lidar com os animais. A dica é você passar a investir em treinamento na área de desenvolvimento humano. Aprenda como melhor se relacionar com todos os tipos de pessoas, desde as mais gentis até as mais grosseiras. Fazer cursos, ler bons livros, assistir vídeos no YouTube sobre relações humanas ajuda muito. A verdade é que a gente sai da faculdade quase sem ouvir falar sobre isso, e existem técnicas de preparação que podem ajudar.


Temos que aprender a nos relacionarmos. Antes de dominar o estetoscópio e o bisturi, precisamos entender de gente, aprender a sair de conflitos, ou melhor, a nem entrar em confusões, se é que isso é possível. Em algumas áreas de atuação, como na área de saúde pública, sanidade animal e produção de alimentos, o médico veterinário tem que conhecer de relações institucionais e saber se comunicar. Essas habilidades ajudam a entender o jogo político no ambiente de trabalho das repartições públicas. Se o profissional não se preparar para esses desafios, surta em pouco tempo.


Outra questão que precisa ser bem resolvida em sua vida profissional é o justo reconhecimento pelo seu trabalho. Reconhecer-se mal remunerado e não valorizado gera sentimentos de frustração, desmotivação e baixa produção. Cria-se um ciclo vicioso de coisas negativas. Porém, a remuneração abaixo da ideal não pode servir como justificativa para a improdutividade, o desânimo ou o mau humor. A justa remuneração é a forma mais clara de ser reconhecido no trabalho. Todo mundo quer ganhar bem. Mas para se sentir feliz na profissão, é preciso mais que isso. É preciso reconhecimento dos pares, bom ambiente, possibilidade de crescimento, segurança para si e para a família e muito mais. Se está faltando esses elementos, fique atento, pois é provável que você não consiga manter-se nesse emprego por muito tempo. Prepare-se para mudanças. A gente pode ganhar mal por um certo tempo, enquanto está iniciando ou está se capacitando, mas logo irá querer ganhar o justo, e isso é plenamente natural e desejável. Ter paz no campo financeiro familiar é essencial para a felicidade. Portanto, ofereça sempre seu melhor serviço e defina uma justa remuneração. Sua valorização começa com sua atitude.


Para finalizar, quero lembrá-lo de valorizar sua escolha profissional. Esta conquista exigiu de você e de seus entes queridos muito investimento, esforço e dedicação. Você sabe muito bem o quanto foi difícil. Portanto, não faz sentido desanimar. Lute pelo futuro que você planejou e valorize suas conquistas. A felicidade está bem perto de você. Alcançá-la requer paciência, determinação, coragem e persistência.




 
 
 

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